História do Ceará
Airton de Farias
Por Érico Firmo - jornalista A História sobre a qual escreve Airton de Farias não é a mesma que se costuma encontrar em livros escolares. Nestas páginas, não há um desfile de datas a memorizar ou personagens de monumentos e bustos mal cuidados em praças. Não que estejam excluídos da narrativa. Pelo contrário, é ricamente vasculhada a trajetória de pessoas que hoje, para muitos, são apenas nomes de ruas. Mas é uma História que vai muito além. Viva, pulsante, palpável, feita por gente comum, para além das decisões dos gabinetes do poder. Ao mesmo tempo, é uma abordagem extremamente política, crítica. Sem perder o rigor, rejeita o afastamento asséptico do olhar que se pretende externo. Expõe estruturas de poder, as grandes negociatas e os interesses que conduziram os governantes. O autor analisa episódios e conflitos que formaram o Estado. A história urbana, que explica a supremacia de Fortaleza sobre o Interior. Uma história das secas como traço crucial para falar sobre o cearense. E da explosiva mistura entre sertão e violência presente no cangaço, personificado em Lampião e Maria Bonita. O ponto de partida de Airton de Farias já rompe com os marcos tradicionais. A História contada por ele não começa com a chegada dos europeus. Ele recorre a vestígios arqueológicos para remontar aos primeiros habitantes do que hoje é o Ceará, milênios antes de Cristo. E chega até a atualidade vívida, do ciclo de Cid Gomes e do embate entre Camilo Santana e Eunício Oliveira pelo governo. Uma História que termina de ser escrita no calor dos acontecimentos. No trajeto, Airton de Farias mostra como momentos-chave da história brasileira foram vivenciados no Ceará. As lutas pela independência, travadas por sertanejos comandados por Pereira Filgueiras e pela família Alencar contra tropas portuguesas. A participação cearense na Guerra do Paraguai. Os messianismos que originaram Padre Cícero, Antônio Conselheiro e o beato José Lourenço. O leitor encontrará neste livro, ainda, o Ceará da cultura, da intelectualidade, da molecagem. Do futebol como paixão e traço definidor de um povo. Uma História que toca o cotidiano e a vida real dos verdadeiros atores da história: as pessoas comuns e, por isso, as mais extraordinárias.
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